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Cahiers antispécistes n°0 -

Introdução

Tradução: Anna Cristina Reis Xavier; revisão: Genevive Moreira

Este número inicial dos "Cahiers antispécistes de Lyon" (Os Cadernos antiespecistas) existe para apresentar a vocês e a nós, uma imagem concreta sobre uma paginação reduzida do primeiro periódico francês feito para tratarmos da abolição do desprezo relativo aos interesses dos animais não humanos. Queremos trazer para vocês, e tentaremos fazer isso nos próximos números, vários elementos profundos de reflexão, assim como informações práticas e atuais.

Anti-especista: que se opõe ao especismo. Importante: se no próprio título escolhemos empregar uma palavra que não se encontra nos dicionários franceses, não é para impressionar, mas porque em nosso país, tal objetivo é novo. O fato de recusarmos considerar seriamente os interesses de indivíduos não humanos não faz, talvez, parte da ordem das coisas jamais pensadas, mas sim das coisas sistematicamente não pensadas.

Formulamos na capa uma definição discutível do especismo, assim como é qualquer definição do racismo ou do sexismo. As páginas seguintes serão mais eloqüentes, mas o especismo está tão situado no âmago de nossa sociedade que poucas pessoas desejam analisá-lo por completo. Os Cadernos desejam ser pluridisciplinares e tentarão, principalmente, além de outros objetivos, traduzir a riqueza da literatura anglo-saxônica que versa sobre o tema.

A finalidade do movimento de libertação animal é de exterminar o que constitui uma das maiores fontes de sofrimento que já existiu na terra. Para citarmos somente o exemplo da França, a cada ano são abatidos cerca de um bilhão de indivíduos não humanos para o consumo de carne. Porque seus interesses são subordinados aos dos humanos eles escapam, do nascimento até o abate, à imposição de um sofrimento contínuo e intenso apenas quando os humanos nada têm a lucrar. A morte destes indivíduos é, aos olhos dos humanos, apenas uma questão de paladar. As estatísticas não mostram, por outro lado, o número de peixes que explodem nas redes, que morrem sufocados ou despedaçados vivos sobre as pontes dos navios. A unidade destes é contada em termos de toneladas e não de seres. Para agradar o prazer gustativo apenas dos franceses, bilhões de peixes são mortos deste modo.

A racionalidade fundamenta o projeto anti-especista, que se opõe às tradições e aos modos de pensar tradicionalmente milenares. Este projeto não pode ser moldado no passado, ao longo do qual o especismo sempre constituiu o pensamento dominante. E a vitória, ainda que parcial, do pensamento anti-racista e dos outros movimentos de liberação destes dois últimos séculos, fundados também na razão, nos leva a pensar que o anti-especismo é um projeto que vencerá.

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